Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br
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Aumenta
 a pressão con-tra os envolvidos no escândalo das verbas de subvenção da
 Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese). Ontem, foi preso o primeiro 
dos 24 políticos denunciados à justiça pelo uso irregular das verbas 
durante a campanha de 2014: o ex-deputado estadual Raimundo Lima Vieira,
 o "Mundinho da Comase" (PSL). A prisão aconteceu por volta das 6h de 
ontem em um condomínio na Avenida Hermes Fontes, bairro Grageru (zona 
sul de Aracaju) e foi executada por equipes do Departamento de Crimes 
contra a Ordem Tributária e Administração Pública (Deotap), ligado à 
Polícia Civil.
Além dele, os irmãos Augifranco Patrick de Vasconcelos, o 
"Macarrãozinho", e Ygor Henrique Batista de Vasconcelos foram presos no 
centro de Lagarto (centro-Sul). Ambos são ligados a "Associação Ala 
Jovem de Lagarto", uma das entidades investigadas pelo repasse e uso 
irregular de recursos repassados pela Alese entre 2011 e 2014. Os três 
tiveram a prisão preventiva decretada pelo juiz Marcel Maia Montalvão, 
da Vara Criminal de Lagarto. O pedido partiu da Deotap e do Grupo de 
Combate à Improbidade Administrativa (GCia), do Ministério Público 
Estadual (MPE), os quais atuaram em apoio à investigação aberta em 2013 
pelo promotor Belarmínio Alves, curador do Patrimônio Público do MPE na 
Comarca lagartense.
De acordo com as investigações, os três acusados organizaram um plano
 para movimentar as verbas repassadas à Ala Jovem e a associações 
sediadas em outros municípios. Para isso, os valores eram depositados em
 contas bancárias dos irmãos Vasconcelos e sacados em seguidas para 
repassar a deputados, presidentes de associações e empresas ligadas ao 
esquema. "Diante das provas colhidas, verificamos que havia uma intensa 
movimentação financeira nas contas do Augifranco, incompatível com a 
renda declarada dele. Ele é um professor da rede municipal de Lagarto e 
movimentou mais de R$ 3 milhões em suas contas. Ficou constatado que ele
 movimentava dinheiro da Ala Jovem e de mais cinco associações de outros
 municípios, além de transacionar com as prefeituras", disse a delegada 
Danielle Garcia, diretora do Deotap.
A polícia e os promotores constataram estas movimentações a partir da
 análise de relatórios e documentos obtidos em quebras de sigilo 
autorizadas pela Justiça. E identificaram que estes depósitos também 
aconteciam nas contas de Ygor Henrique, que é sócio da empresa MP10 e, 
segundo a polícia, recebeu, através da firma, 90% dos recursos 
repassados pela Ala Jovem, presidida por Augifranco. "Ele tem renda 
declarada de R$ 800 e movimentava R$ 1 milhão na conta", disse Danielle,
 confirmando que é investigada a suspeita de que pode ter havido 
enriquecimento ilícito da parte dos irmãos.
A empresa MP10 também emitia notas fiscais frias para justificar o 
repasse dos recursos, como forma de encobrir a devolução do dinheiro 
para Augifranco e para o próprio Mundinho da Comase. "Temos provas de 
que o dinheiro que ele [Mundinho] destinou para a associação retornou 
para a conta dele, inclusive mediante transferência bancária. O deputado
 destinava a verba para a associação, que simulava contratos com o irmão
 do presidente, simulava os recibos e depois devolvia o dinheiro para a 
conta do deputado. Isso está documentado no inquérito e não há dúvida 
nenhuma disso", revela a delegada.
Estas conclusões motivaram Belarmínio e o GCia a pedirem a prisão 
preventiva do ex-deputado e dos irmãos Vasconcelos, o que foi acatado 
pelo juiz Marcel Montalvão em uma sentença de 20 páginas expedida na 
terça-feira. Para o promotor Henrique Cardoso, houve crimes de peculato,
 lavagem de dinheiro e associação criminosa. "A associação faz um 
trabalho de lavagem de dinheiro. Ela tenta tornar legal o retorno do 
dinheiro àquele que normalmente destina o dinheiro. É essa lavagem que 
gera a possibilidade de prisões, porque enquanto estamos aqui e a 
associação não presta contas, não diz onde está o dinheiro, acontece 
essa lavagem. E todos os que tiverem nesses processos podem ser presos a
 qualquer momento", avisou Henrique.
