Guilherme Nasser, economista pela FEA-USP e sócio-fundador da Juros Baixos, explica que contas em dia passarão a ser consideradas durante análise do histórico de consumo
O Banco Central e o Conselho Monetário Nacional acabam de aprovar o conjunto de normas que regulamentam a implantação do novo modelo de Cadastro Positivo, que prevê a inclusão automática de dados de consumidores à ferramenta de análise de crédito. Na prática, os pagamentos em dia também passam a integrar o histórico de consumo — não apenas as dívidas em atraso —, o que deve ampliar ainda mais as possibilidades de oferta de crédito e juros menores.
Guilherme Nasser, economista pela FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo) e sócio-fundador da Juros Baixos, explica que são inúmeros os benefícios do modelo aprovado. No entanto, o economista ressalta que uma das maiores vantagens está justamente na visão ampla de consumo que as empresas de crédito passam a ter e, consequentemente, há uma expectativa de análises mais justas para os clientes.
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“Uma pessoa que paga tudo em dia, tem todas as contas de água, de luz, carnês de grandes varejistas, e teve uma inadimplência, essa pessoa é diferente daquele indivíduo que não é um bom-pagador. Aconteceu alguma coisa na vida dela. Então, o grande benefício para o consumidor é poder mostrar não só o que ele deixou de pagar, mas tudo o que ele já pagou em dia”, exemplifica.
Embora a inclusão de dados ao Cadastro Positivo seja automática a partir de agora, o consumidor pode solicitar a exclusão das informações do banco de dados a qualquer momento. Entretanto, Nasser alerta que a prática pode dificultar o acesso ao crédito a essas pessoas.
“Já é um sinal negativo a pessoa pedir para sair. O consumidor que fizer isso terá nulas algumas variáveis que os bancos devem começar a levar em consideração. Então, se os bancos começarem a realmente usar na modelagem de risco de crédito as contas que o usuário está pagando, e uma pessoa não tiver essa demonstrativo, com certeza ela vai ter menos acesso ao crédito e, se tiver, as taxas de juros vão ser maiores”, ressalta o sócio-fundador da Juros Baixos.
Fonte: jornal contábil