segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Valberto de Oliveira Lima: “Orçamento vindouro é R$ 1,195 bilhão e é super insuficiente”


“Conseguimos uma saúde mais perto da comunidade”

8 de dezembro - 8h

Com um efetivo de seis mil a 6,5 mil servidores, entre os quais 1.468 médicos e 1.006 enfermeiros, e com um orçamento de R$ 1,195 bilhão para o ano que vem - nada muito maior do que o de 2019 -, o médico Valberto de Oliveira Lima toca a segunda maior Secretaria de Estado de Sergipe, a da Saúde, que só perde em tamanho para a da Educação.
Mas certamente ganha em complexidade, na sensibilidade dos serviços prestados e dos interesses que a circundam, exatamente por mexer com um dos bens mais reais e tangíveis dos cidadãos, que é a saúde.
Meio tímido, este cirurgião geral e intensivista - médico que atua em UTIs - caiu quase que de supetão no comando da Secretaria de Estado da Saúde no começo de junho de 2018.
Isso se deu menos de três meses depois de Belivaldo Chagas ter assumido o comando do Governo de Sergipe com a desincompatibilização de Jackson Barreto para disputar o Senado e botando rumorosamente o então secretário Almeida Lima para escanteio. 
Logo no dia 18 de abril de 2018, Belivaldo Chagas deu sinais de que desmancharia o ninho de Almeida e convocou Valberto de Oliveira Lima para a Superintendência de Saúde em substituição ao médico Luiz Eduardo Prado Correa, que era o coringa de Almeida. Alguns dias depois, Valberto estava interno da Saúde e no começo de junho foi efetivado diante da recusa do médico José Hamilton Maciel em assumi-la.
Desde que assumiu o Governo, Belivado Chagas disse que queria uma Secretaria que fosse menos teórica, menos espetaculosa, menos obreira e politizada e que preferiria uma mais aguerrida e ligada diretamente às demandas imediatas do povo.
Hoje, quase um ano e meio no exercício do cargo de secretário e já num segundo Governo, Valberto de Oliveira Lima acha que a Secretaria de Estado da Saúde consegue, sim, apesar das dificuldades orçamentárias, entregar aos sergipanos exatamente aquilo que exigira Belivaldo Chagas no começo do primeiro Governo.
“Nós conseguimos, sim, fazer uma saúde mais perto da comunidade”, diz Oliveira Lima. E oferece dados que ele acha que confirmam bem isso. “Quando a Secretaria dá um presente - porque considero isso um presente, apesar de uma obrigação -, por exemplo, de zerar a fila de radioterapia no Estado, é de certo um presente para o Governo do Estado e para o povo”, diz.
“Também quando você reduz as filas de cirurgia oncológica. Se você for hoje ao Huse vai perceber que houve isso - todos os dias tem cirurgia oncológica, coisa que não tínhamos antes. Nas cirurgias cardíacas, apesar da fila ainda ser grande, são feitas duas por dia - coisas que não existiam também. Hoje, na Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe se faz mais cirurgias cardíacas em um mês do que se fez em 2017 inteiro”, reforça ele.
Segundo Valberto Oliveira Lima, para irem bem a Secretaria e a saúde pública de Sergipe, dois fatores teriam sido “extremamente importantes. “A liberdade e o apoio que tivemos do governador nesse aspecto”, diz ele.
Isso não é retórica de agrado de secretário a governador? “Não é retórica do secretário. Afirmo que Belivaldo é um governador super presente. Ele está conosco as 24 horas do dia. Se ligarmos para ele 22h, 23h, ou 0h, ele vai atender. Eu nunca pedi uma reunião com o governador para que ele negasse”, diz Valberto.
O secretário da Saúde afirma que nas reuniões que tem mensalmente com outros secretários de Estado da Saúde do Brasil, Sergipe desperta uma certa cobiça. “Nós somos vistos como um Estado que tem progressos que eles gostariam de ter”, diz.
Em que setores? “O pagamento em dia é um deles. Um segundo: nossa fila de radioterapia zerada. Outro: nossa farmácia não tem escassez de medicamento de jeito nenhum. O que está faltando na nossa farmácia é o que não está sendo produzido pelas indústrias por falta de matéria-prima”, afirma.
Nesta EntrevistaValberto de Oliveira Lima fala da relação com os servidores da Saúde, da escassez salarial, da falta de reajuste, da interligação da rede de serviços, do destino a ser dado aos Tuck-Tucks, da situação do aluguel da super sede da Secretaria, do papel da sua adjunta Adriana Menezes e da sua possível pretensão de disputar a Prefeitura de Propriá ano que vem. “Continuo com o pé atrás em virtude da Secretaria”, diz.
“Eu me recuso a conversar abertamente sobre política, porque hoje estou dedicando meu tempo integralmente à pasta”, diz ele. Mas justifica que se tiver de desincompatibilizar, e puder escolher, gostaria de fazê-lo no começo de abril, fim do prazo, para ter mais tempo de deixar a Secretaria mais arrumada ainda - ele diz que ela hoje deve muito pouco.
Valberto de Oliveira Lima nasceu em Propriá no dia 6 de agosto de 1959, mas foi registrado civilmente em Aquidabã, para onde foi levado à casa dos avôs pela mãe ainda em resguardo e ficou lá do zero aos três meses. Ele é filho de Braz Gonçalves Lima, um policial militar, e da dona de casa Ana Maria de Oliveira.
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Está há quase um ano e meio como secretário de Estado da Saúde do Estado de Sergipe
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Em 1980, entrou no curso de Medicina da Universidade Federal de Sergipe, em 1986 saiu de lá formado e foi direto para uma residência em Cirurgia Geral ali mesmo
EFETIVADO NA HORA CERTA

“De repente, me vi interino e pouco tempo depois fui efetivado, com a desistência do Dr. José Hamilton Maciel. Se eu tivesse aceitado ou sido colocado na pasta de secretário naquele momento em que eu recebi a Superintendência, talvez eu tivesse me assustado”
JLPolítica - O senhor foi chamado de supetão, de súbito, no começo de 2018 e ficou como secretário interino por alguns dias. Qual foi a sua sensação naquele começo?    

VOL - Olha, antes conversamos brevemente com o governador Belivaldo Chagas sobre o estado da saúde do Estado, e naquele instante eu recebi o convite de ocupar a Superintendência da Secretaria de Saúde, que estava vaga. Eu aceitei de pronto e as coisas foram acontecendo. De repente, me vi interino e pouco tempo depois fui efetivado, com a desistência do Dr. José Hamilton Maciel lá no comecinho de junho, que na época era o convidado do governador para assumir a pasta. Com a desistência dele, eu fui efetivado em um evento que fizeram em Propriá, que para mim foi uma honra, um presente que o governador me deu ao ser efetivado em minha terra natal.

  JLPolítica - Sim, mas faltou dizer qual a sensação naquele começo? 

VOL - Se eu tivesse aceitado ou sido colocado na pasta de secretário naquele momento em que eu recebi a Superintendência, talvez eu tivesse me assustado. Mas quando eu fui efetivado, já tinha um pequeno estágio como secretário interino e isso foi me desinibindo para as complexidades pasta. Não foi o suficiente, admito. Mas foi a liga mais importante para a gente começar o trabalho aqui na Secretaria. 

JLPolítica - O senhor admite que já domina 100% da estrutura e da burocracia da Secretaria de Estado da Saúde?

VOL - Não admito. Ninguém domina 100% uma Secretaria do porte da de Saúde. Você pode passar uma ou duas vezes por ela, mas aqui é um oceano de problemas e precisa ser tratado como tal. E se o secretário não tiver humildade para contar com os seus auxiliares, com os seus assessores sempre, o serviço jamais terá qualidade.

JLPolítica - A Secretaria de Estado da Saúde não pode ser uma “obra solitária”.

VOL - O secretário não domina tudo. Claro que a gente da área de saúde tem um espaço razoável. Um certo domínio. Mas tem as áreas jurídica e de contrato, e licitação, que são um outro mundo e a gente precisa contar com outras expertises. E eu conto aqui.

JLPolítica - O governador Belivaldo Chagas assumiu em abril de 2018 contestando frontalmente a gestão de Almeida Lima e dizendo que queria uma saúde mais perto da comunidade. O senhor acha que a sua gestão conseguiu garantir isso para ele e para a comunidade?

VOL - Acho que conseguimos. Nós conseguimos, sim, fazer uma saúde mais perto da comunidade. Por fatos extremamente importantes: pela liberdade e pelo apoio que tivemos do governador nesse aspecto.  
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Nasceu em Propriá no dia 6 de agosto de 1959, mas foi registrado civilmente em Aquidabã
DAS EXTREMAS COMPLEXIDADES DA PASTA

“O secretário não domina tudo. Claro que a gente da área de saúde tem um espaço razoável. Um certo domínio. Mas tem as áreas jurídica e de contrato, e licitação, que são um outro mundo e a gente precisa contar com outras expertises. E eu conto aqui”
JLPolítica - Onde esta saúde mais perto da comunidade se manifesta?

VOL - Quando a Secretaria dá um presente - porque considero isso um presente, apesar de uma obrigação, um sacrifício que resulta em um presente -, por exemplo, de zerar a fila de radioterapia no Estado, é de certo um presente para o Governo do Estado e para o povo. Também quando você reduz as filas de cirurgia oncológica. Se você for hoje ao Huse vai perceber que houve isso - todos os dias tem cirurgia oncológica, coisa que não tínhamos antes. Nas cirurgias cardíacas, apesar da fila ainda ser grande, são feitas duas por dia – coisas que não existiam também. Hoje, na Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe se faz mais cirurgias cardíacas em um mês do que se fez em 2017 inteiro.   

JLPolítica - É retórica de agrado do secretário da Saúde ou o governador Belivaldo Chagas lhe deixa mesmo à vontade?

VOL - Não é retórica do secretário não. O governador nos deixa à vontade. Evidentemente que em algumas situações, aquelas onde exige um envolvimento maior do aparelho estatal, inclusive do gabinete do governador, a gente tem que passar para ele e acolher a opinião dele. Mas afirmo que Belivaldo é um governador super presente. Ele está conosco as 24 horas do dia. Se ligarmos para ele 22h, 23h, ou 0h, ele vai atender. Eu nunca pedi uma reunião com o governador para que ele negasse.

JLPolítica - Qual é o papel da sua adjunta Adriana Menezes aqui dentro?

VOL - A Adriana é uma pessoa fantástica, competente e foi colocada aqui por indicação do governador - apesar de ela ter parentes políticos, é aqui uma indicação do governador -, mas porque ela já tinha uma experiência na antiga Secretaria de Estado de Planejamento, na área de licitação e de contrato. Esta era exatamente uma área na qual eu me sentia um pouco limitado. E ela é excelente, toca isso e cumpre rigorosamente o ritual que a gente planejou na distribuição de tarefas. Há sempre uma discussão e no final a tomada de decisões é monitorada pelo secretário. Aqui na Secretaria é um por todos e todos por um.

JLPolítica - Qual é o grande gargalo a ser administrado por um governador e um secretário de Estado da Saúde na saúde pública sergipana?

VOL - Eu diria que são os pequenos financiamentos. O recurso que vem hoje do Ministério da Saúde é pouco. Você quer fazer mais, mas depara com isso. O SUS não financia as reais necessidades e carências. Ele subfinancia a saúde, e o complemento sai do recurso do tesouro estadual, e qual o Estado hoje que não está com dificuldade para fazer esse aporte?

JLPolítica - Qual é o orçamento previsto para a Saúde de Sergipe, entre o direto e o repasse da União, para 2020, e isso dá para quê

VOL - No aspecto geral, não chega a R$ 1,2 bilhão. Na verdade, a previsão pro orçamento vindouro é R$ 1,195 bilhão. Eu diria que isso é super insuficiente. Hoje, por exemplo, nós temos um custo mensal com o Hospital de Cirurgia de R$ 8 milhões. A metade é recurso federal e a outra, do tesouro do Estado.
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É pai, com quatro companheiras diferentes, de sete filhos - que vão de 15 anos, a caçula, aos 35 anos, a primogênita. É casado com Karine Feitosa Lima
GOVERNADOR É PRESENTE, MAS DEIXA À VONTADE

Não é retórica do secretário. O governador nos deixa à vontade. Em algumas situações, a gente tem que acolher a opinião dele. Mas Belivaldo está conosco as 24 horas do dia. Se ligarmos para ele 22h, 23h, ou 0h, vai atender. Nunca pedi uma reunião com o governador para que ele negasse”
JLPolítica - A Secretaria de Estado da Saúde deve muito?

VOL - Não, nem tanto. Já deveu muito mais. Não sei especificar a você quanto a gente tem a pagar, porque se você for levantar a dívida se confunde muito com a dívida da Fundação Hospitalar, e essa, sim, deve a Deus e ao mundo. Mas a Secretaria de Saúde já deveu muito mais. Talvez a gente tenha reduzido essa dívida em um ou dois terços do que tinha no passado.

JLPolítica - E o terço que resta daria uns R$ 200 milhões, por exemplo?

VOL - Não. De jeito nenhum. Eu não chutaria para não cometer o erro de estar atirando acima. Mas é muito menos do que isso.

JLPolítica - Com uma rede tão pequena - creio que não deve chegar a 20 instituições -, é difícil haver uma comunicação de intercâmbio maior na rede da saúde pública de Sergipe?

VOL - Não é difícil, e tem. Para que isso aconteça, é preciso que você desperte na rede a sensação de liderança. Todos se sentem como liderança, não só aqui na sede, não só a própria Adriana Menezes ou o secretário. Quando a gente resolve fazer uma visita técnica a gente não bota o auxiliar e deixa o pau quebrar. A gente vai junto. 

JLPolítica - O senhor sabe daqui de um painel eletrônico da Secretaria o que está se passando em Lagarto, em Itabaiana, em Dores, em Propriá?

VOL - Sei sim. Eu sei quantos médicos tem em plantão. Eu sei se a unidade está superlotada. Sei quantos pacientes foram atendidos no mês, na semana. Nós acompanhamos diariamente esse fluxo.

JLPolítica - E por que não se estanca a sangria da superlotação do Huse?

VOL - Aí a gente teria que contar com uma parte fundamental de tudo isso, que se chama Atenção Básica. Em nenhum Estado a gente pode dizer que a Atenção Básica está resolvida. Existe um projeto sendo desenvolvido aqui, que está sendo coordenado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde - Conass -, que se chama “Planifica SUS”, que vai tentar aproximar as necessidades da Atenção Básica da Atenção Médica Especializada. Porque hoje nós temos fila para fazer cardiograma, ultrassonografia, etc. E tudo isso aí, com esse projeto vai ter um encurtamento de tempo e vai fazer a oferta de acordo com a necessidade de cada região.  
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Ele é filho de Braz Gonçalves Lima, um policial militar, e da dona de casa Ana Maria de Oliveira
DE UM ORÇAMENTO CURTO PARA A SAÚDE

“No aspecto geral, não chega a R$ 1,2 bilhão. Na verdade, a previsão pro orçamento vindouro é R$ 1,195 bilhão. Diria que isso é super insuficiente. Hoje nós temos um custo mensal com o Hospital de Cirurgia de R$ 8 milhões. A metade é recurso federal e a outra, do tesouro do Estado”
JLPolítica - O efetivo de 6 mil a 6,5 mil funcionários é o suficiente para atender as demandas de 2,2 milhões de sergipanos?

VOL - É suficiente. Mas quando você já pega o caos instalado, para você colocar uma coisa em ordem não só demanda tempo, mas exige muito recurso. O que precisamos com esse efetivo é organizar melhor esse fluxo e as suas ações. E é isso que nós estamos tentando, e um pequeno microcosmos disso daí é o que vamos fazer na Área Azul do Huse. Faremos um acolhimento qualificado com fluxo, para ver se a gente, a partir daí, faz o mesmo projeto em todos os regionais. Eu sonho com toda a saúde pública com fluxo que qualifique a necessidade.

  JLPolítica - Segundo o Sintasa, a média salarial do trabalhador da saúde pública de Sergipe está em torno de R$ 1,2 mil por mês. O senhor acha isso uma remuneração capaz de gerar bons serviços?

VOL - A gente precisa fazer uma discussão sobre se o bom serviço depende ou não depende de salário. Depende da forma como você coloca essa questão. Por exemplo, se você me perguntar: R$ 1,2 mil são suficientes para o cidadão se manter? Eu vou dizer que não. O cidadão tem necessidades maiores do que as que podem ser supridas com R$ 1,2 mil. Agora, vincular diretamente o desempenho ao salário? Nós temos resultados que conflitam com essa pergunta. Temos áreas onde o resultado da qualidade do trabalho não veio com o aumento da oferta salarial. 

JLPolítica - O senhor acha razoável que o Estado esteja há oito anos sem garantir aumento de salários?

VOL - Olha, todos os estados brasileiros estão passando por uma situação complicada, não é uma firula e não requer populismo. O que a gente precisa é transformar o Estado em uma grande empresa e que dê resultado, que se organize para que todos os cidadãos tenham suas necessidades atendidas e que seja possível, quando houver condições, repassar aumento. Eu entendo isso daí. Agora, todo trabalhador, todo sindicato está sim dentro da sua meta de cobrar ao governador, ao governo, ao estado, ao país, ao presidente da República, aumento de salário.

JLPolítica - Nessa figura de linguagem que o senhor fala, de o Estado ser uma grande empresa, classificaria o Estado de Sergipe uma micro, pequena, ou média empresa pelos seus serviços gerai?

VOL - Eu diria que uma média empresa. Se eu disser a você que nós somos uma grande empresa eu vou contrariar essa pergunta que você está me fazendo antes, se nós estamos há oito anos com dificuldade de repassar aumento. Mas o vejo, por outro lado, como uma grande empresa, porque temos segmentos de serviços aqui de grandes avanços. Eu vou dar só um exemplo que está fora do nosso contexto aqui: todos os meses a gente participa de uma assembleia com todos os secretários de Saúde dos Estados do país. Nessas reuniões nós somos vistos como um Estado que tem progressos que eles gostariam de ter. Por exemplo: o Rio Grande do Norte, quando a gente senta para conversar com o meu amigo de lá, fico imaginado se eu pegasse o histórico da situação de lá e passasse para cá seria uma enorme dor de cabeça. 

  JLPolítica - Aponte um histórico de Sergipe que gera cobiça lá fora.

VOL - O pagamento em dia é um deles. Um segundo: nossa fila de radioterapia zerada. Outro: nossa farmácia não tem escassez de medicamento de jeito nenhum. O que está faltando na nossa farmácia é o que não está sendo produzido pelas indústrias por falta de matéria-prima. 
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Em reunião com a vereadora Kity Lima, o vereador Lucas Aribé e representantes da Associação de Renais Crônicos de Sergipe
DA VISIBILIDADE INSTATÂNEA DAS AÇÕES

“Sei quantos médicos tem em plantão. Eu sei se a unidade está superlotada. Sei quantos pacientes foram atendidos no mês, na semana. Nós acompanhamos diariamente esse fluxo. Para que isso aconteça, é preciso que você desperte na rede a sensação de liderança. Todos se sentem como liderança”
JLPolítica - É alto o índice de aposentação de trabalhadores da saúde, seja estatutário ou celetista? E isso implica em que?

VOL - É alto sim. Implica que a gente fica de mãos atadas na hora de repor esse funcionário que está aposentando, pela dificuldade que temos, pelas amarras da justiça em fazermos contratações. Nós estamos com problemas com a Fundação Hospitalar e em consequência disso fizemos um PSS, que foi vetado ainda pelo Tribunal de Contas.

JLPolítica - Quais são os hospitais públicos sergipanos hoje mais problemáticos e o que se tem feito por eles?

VOL - Da nossa rede, o de Capela é um grande problema. Mas Capela não é um grande problema agora em 2019. O é desde 2014. Propriá não é um grande problema e o Huse também não. O grande problema que a gente fala do Huse é pela superlotação. Para a gente sim, porque não se quer aquela superlotação. Mas o de Propriá tem um diferencial: somos fronteira e atendemos a cerca de 30% de alagoanos. 

JLPolítica - E as Clínicas De Saúde Da Família, como estão?

VOL - Aí são um grande problema, e o principal deles é a falta de médicos. Por exemplo, nós não completamos até hoje as vagas que temos disponíveis para aquele programa do governo federal, o Mais Médicos, cuja necessidade hoje passa dos 30. Nessa esfera, temos 166 médicos e 37 vagas em aberto. Todo dia algum médico sai.

JLPolítica - Qual é o efetivo de médicos na Secretaria de Estado da Saúde?

VOL - Nós dispomos de 1.468 médicos em ação.

JLPolítica - E de enfermeiros?

VOL - Aí são1.006 profissionais.
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"Belivaldo está conosco as 24 horas do dia", registra
DO EFETIVO DE 6 MIL A 6,5 MIL FUNCIONÁRIOS

“É suficiente. Mas quando você já pega o caos instalado, para colocar uma coisa em ordem não só demanda tempo, mas exige muito recurso. O que precisamos com esse efetivo é organizar melhor esse fluxo e as suas ações”
JLPolítica - Como está Sergipe em sua capacidade de prestação de serviços públicos na área de obstetrícia?

VOL - Aí é aquela velha história: o barulho não condiz com a realidade, porque nós estamos dentro do que o Ministério da Saúde preconiza com número de leitos. Fizemos um levantamento recentemente e descobrimos que há sim profissionais no Estado que poderiam atender a toda a rede, mas nem todos eles querem ir para o serviço público.

JLPolítica - O que foi feito dos Tuck-Tucks adquiridos na gestão passada e que estavam sem ser pagos ao revendedor?

VOL - Nós abrimos um processo administrativo aqui para avaliar essa aquisição, mas garantimos que o projeto é totalmente equivocado. O projeto era para entregar medicamento em casa, descentralizando as ações do Case.

JLPolítica - O que mais deu de errado no projeto destes veículos?

VOL - O erro desses veiculozinhos está não apenas na capota, porque se um cidadão médio botar o capacete não cabe ali, e a legislação exige esse uso. Segundo, há um problema ligado ao chassi, porque você não pode fazer uma curva muito acentuada que ele capota - e já houve acidentes registrados. A segurança do condutor ali é quase nenhuma.

JLPolítica - E para onde eles devem ser destinados?

VOL - Estamos conversando com a Secretaria de Segurança Pública, que está querendo fazer uma cessão delas, para que sejam usadas no patrulhamento da orla da Atalaia. Esses Tuck-Tucks foram adquiridas com recursos do Proinveste, portanto não podem ser leiloadas, por exemplo.

JLPolítica - E são quantos?

VOL - São 20 e cada um custou R$ 24,990.
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Em visita ao Hospital Regipnal de Propriá, lugar que conhece muito bem
PROGRESSO QUE CHAMA A ATENÇÃO LÁ FORA

“Temos segmentos de serviços aqui de grandes avanços. Todos os meses a gente participa de uma assembleia com todos os secretários de Saúde dos Estados do país. Nessas reuniões nós somos vistos como um Estado que tem progressos que eles gostariam de ter”
JLPolítica - Por que a enfermeira Conceição Mendonça deixou o comando do Samu?

VOL - Aí foi ela mesma quem quis. Eu acho que ela estava sob tensão, tinha algumas coisas aqui que ela não concordou. Ela não concordou e nós precisávamos tomar decisões, porque ela estava sobrecarregada. Mas na verdade ela tem outro projeto: é uma grande aliada, uma grande profissional que está prestando serviços no Núcleo Estadual da Saúde da Justiça. Ela já estava lá, recebeu o convite para vir pra cá e aceitou. Agora, ela percebeu que as atividades exigem demais.

JLPolítica - Procede a informação de que ela praticou nepotismo aqui?

VOL - Se for conceituar nepotismo como a entrada de parentes, ela tem alguns no Samu sim. Agora, não sei se se aplica ao caso dela, porque esses parentes já estão aqui há muito tempo. Por que esse conceito só estaria valendo agora? 

JLPolítica - Qual foi a solução dada para o atraso do aluguel da sede da Secretaria de Estado da Saúde?

VOL - Até agora, eu não entendi essa polêmica, porque a contestação saiu quando já estava tudo certo. Já fizemos acordo com a dívida que tínhamos, já realizamos o pagamento e o contrato já foi renovado. O Estado não deve nada. O aluguel era R$ 150 mil e passou para R$ 134.538,03.

JLPolítica - O Governo intenciona devolvê-la à família de quem locou?

VOL - Não, de jeito nenhum. Também não poderíamos comprar, porque o Estado está sem recursos. Mas seria um prejuízo, do ponto de vista organizacional, fechar isso aqui hoje.

JLPolítica - No caso do aluguel da sede, há perseguição ao médico Luiz Eduardo, genro da família do Mystão e ex-adjunto de Almeida?

VOL - De jeito nenhum. Esse boato é um artifício que ele usa, mas eu quero que ele aponte isso. Não há. Quando ele saiu daqui, eu não sei porque me tornei um desafeto para ele, mas era meu amigo. Nós conversávamos muito. Desde a época em que ele era coordenador do Nucar que tínhamos uma boa relação.
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"Na verdade, a previsão pro orçamento vindouro é R$ 1,195 bilhão. Diria que isso é super insuficiente", lamenta
GRANDE PROBLEMA DA FALTA DE MÉDICOS

“Por exemplo, nós não completamos até hoje as vagas que temos disponíveis para aquele programa do governo federal, o Mais Médicos, cuja necessidade hoje passa dos 30. Nessa esfera, temos 166 médicos e 37 vagas em aberto. Todo dia algum médico sai”
JLPolítica -  O senhor vai ser ou não candidato a prefeito de Propriá em 2020?

VOL - Continuo com o pé atrás em virtude da Secretaria. Eu me recuso a conversar abertamente sobre política, porque hoje estou dedicando meu tempo integralmente à pasta. E se sair para enfrentar isso, quero que a Secretaria fique bem mais viável e mais aceitável para o próximo gestor que sentar aqui no meu lugar.

JLPolítica - Vai esperar o limite de 4 de abril de 2020 para se afastar ou deixará antes?

VOL - Não sei. Isso vai depender do governador. Se dependesse de mim, sairia no limite.

JLPolítica - O senhor admite que usou em algum momento a Secretaria de Estado da Saúde como trampolim político pessoal?

VOL - Em momento nenhum. No plano da Saúde, Propriá teve todas as atenções que os demais municípios tiveram. Eu desafio qualquer falastrão de lá, inclusive o vereador Aelson Publicidade, a mostrar o contrário do que falo aqui- eu gostaria que ele sentasse com alguém da direção e fizesse um tour pelo hospital para avaliar o que foi feito. Que ele se inteirasse mais da dificuldade do Estado para adquirir profissionais da área de saúde. Se nós tivéssemos profissional suficiente, Capela não estaria passando pelo que está.

JLPolítica - O que é que o senhor pensa para uma eventual sua gestão municipal da cidade de Propriá?

VOL - Olhando de fora, tenho meu planejamento para a área de saúde, do desenvolvimento turístico, mas não quero tocar especificamente nisso aqui. Porque preciso separar o olhar externo do de dentro para fora. O olhar do secretário ao de um eventual pré-candidato. Mas eu tenho projetos, sendo para uma candidatura minha ou não. 
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Pode voltar a ser candidato à prefeito de Pro