Técnicos da Eletrobrás se reuniram com Jackson esta segunda
Momento da reunião com técnicos da Eletronuclear (Foto: Marcos Rodrigues/ASN) |
Sergipe pode abrigar um complexo de
usinas de energia nuclear, com capacidade de até seis unidades, na área
do Baixo São Francisco. Os municípios com sítios potenciais a receber o
empreendimento são Gararu, Porto da Folha e Poço Redondo. A construção
deve produzir 7.200 megawatts (MW) de energia, movimentar um valor
equivalente a US$ 5 bilhões para cada usina, podendo atingir até U$ 30
bilhões de investimento, com geração de, aproximadamente, 2 mil
empregos.
Para tratar sobre este assunto, o governador Jackson Barreto recebeu
nesta segunda-feira, 11, uma equipe de técnicos da Eletronuclear,
subsidiária da Eletrobras, e executivos e profissionais da empresa China
National Nuclear Corporation (CNNC) [Corporação Nacional Nuclear da
China], grupo investidor que já atua na América do Sul. A estatal
chinesa, já em 2014, possuía quatro centrais nucleares instaladas em seu
país, com capacidade de 6,5 mil megawatts (MW) e mais cinco complexos
em construção, que podem gerar 12,5 mil MW.
O governador acompanhou a apresentação do projeto da Eletronuclear,
ouviu sobre a atuação do grupo chinês e se colocou a disposição das
empresas. Ele ainda afirmou que o Governo do Estado continuará
participando das discussões e que este é o primeiro passo do processo de
instalação do complexo nuclear no Brasil.
A respeito da escolha do local no país onde será construída a central
nuclear, isto dependerá de aspectos geográficos, demográficos,
meteorológicos, hidrológicos, geológicos, sismológicos e geotécnicos. A
vinda da Eletronuclear e da CNNC a Sergipe serve como base na elaboração
de estudos técnicos para avaliar qual a área mais adequada para a
instalação de centrais nucleares. Os profissionais permanecem em missão
no estado até quarta-feira, 13.
De acordo com o assessor de desenvolvimento de novas centrais nucleares
da Eletrobras, Marcelo Gomes, Sergipe conta com uma região muito
propícia ao longo do São Francisco, tem topografia e um tipo de geologia
[solo] muito interessantes, e a empresa vem recebendo apoio do governo
estadual.
“Estamos muito satisfeitos e agradecidos pela recepção do governo.
Gostamos muito de Sergipe, e estamos vindo para realizar estudos e
pesquisas junto com a Eletronuclear. A construção da usina pode trazer
muitos benefícios locais e queremos contribuir com o desenvolvimento
econômico do estado”, reforçou o gerente geral da América Latina da
CNNC, Zhu Qiang.
Sobre os benefícios da vinda da indústria nuclear para Sergipe, o
profissional da Eletrobras comentou que são não só de ordem econômica,
como cultural e profissional.
“Criam-se oportunidades de carreira para as pessoas, traz-se
competência técnica, além da oportunidade de as universidades locais
poderem formar pessoas para uma carreira do setor. Em Angra [local de
instalação de três usinas nucleares no Brasil] temos um exemplo, pois lá
há escolas técnicas e unidades de ensino superior formando os
operadores e técnicos que trabalham na manutenção da usina. Acho que é
uma oportunidade muito importante para uma região, que se torna um
centro de tecnologia e de produção intelectual e acadêmica também. Além
disso, existe benefício para a indústria local, pois muitas empresas
tendem a se instalar por perto. Existe ainda um intercâmbio
internacional muito grande e forte. Como a indústria nuclear é muito
conectada em todo mundo, existe um fluxo de pessoas, mão de obra e gente
o tempo todo. Isso traz dinamismo para a cultura local e é muito
importante”, comentou o assessor da Eletronuclear.
O assessor especial do governo, Oliveira Júnior, ainda explica que a
atração de um complexo nuclear teria algumas vantagens, e uma das
principais é poder levar obras de infraestrutura importantes e sentido
social grande para regiões pobres, de pouca habitação e onde há pouco
investimento.
“Existe ainda uma ação que toda empresa grande que se instala em uma
região faz, de desenvolvimento e atuação regional. É o que fazemos em
Angra, por exemplo. Nós trabalhamos ajudando na manutenção do patrimônio
histórico da região, com centros culturais, pois é uma forma importante
de a empresa se integrar na cultura e sociedade local. Essa presença
também é muito importante e um benefício muito forte para a sociedade”,
explanou Marcelo Gomes.
A instalação do complexo de usinas no Brasil se deve devido à
necessidade em se produzir energia barata e abundante. Além de
praticamente não produzir quase nenhum gás que gere efeito estufa,
segundo o assessor da Eletronuclear, existe um cuidado com a questão dos
resíduos e do lixo atômico, que são monitorados e guardados. Marcelo
também acrescenta que, com a vinda do centro de usinas, entre 60% e 70%
do dinheiro investido fica dentro do Brasil, seja na área de construção
civil e até em indústrias nacionais que fornecem equipamentos.
Sobre o prazo de instalação, o profissional de desenvolvimento de novas
centrais nucleares da Eletrobras explica que o Ministro de Minas e
Energia comenta que as usinas devem ficar prontas até 2030. “Isso
significa que, para começar essas obras, e a partir de um terreno que
não tem nada, precisamos de 10 anos, que é o tempo necessário para fazer
prospecção do terreno, sondagem, licenciamento e ver questão ambiental.
Temos que ter definição acerca do local ano que vem, para começar esse
processo o mais cedo possível e essas usinas fiquem prontas a tempo”.
Fonte: ASN