terça-feira, 12 de janeiro de 2016

SERGIPE PODE ABRIGAR COMPLEXO DE USINAS NUCLEARES

Técnicos da Eletrobrás se reuniram com Jackson esta segunda

Momento da reunião com técnicos da Eletronuclear (Foto: Marcos Rodrigues/ASN)
Sergipe pode abrigar um complexo de usinas de energia nuclear, com capacidade de até seis unidades, na área do Baixo São Francisco. Os municípios com sítios potenciais a receber o empreendimento são Gararu, Porto da Folha e Poço Redondo. A construção deve produzir 7.200 megawatts (MW) de energia, movimentar um valor equivalente a US$ 5 bilhões para cada usina, podendo atingir até U$ 30 bilhões de investimento, com geração de, aproximadamente, 2 mil empregos.
Para tratar sobre este assunto, o governador Jackson Barreto recebeu nesta segunda-feira, 11, uma equipe de técnicos da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, e executivos e profissionais da empresa China National Nuclear Corporation (CNNC) [Corporação Nacional Nuclear da China], grupo investidor que já atua na América do Sul. A estatal chinesa, já em 2014, possuía quatro centrais nucleares instaladas em seu país, com capacidade de 6,5 mil megawatts (MW) e mais cinco complexos em construção, que podem gerar 12,5 mil MW.
O governador acompanhou a apresentação do projeto da Eletronuclear, ouviu sobre a atuação do grupo chinês e se colocou a disposição das empresas. Ele ainda afirmou que o Governo do Estado continuará participando das discussões e que este é o primeiro passo do processo de instalação do complexo nuclear no Brasil.
A respeito da escolha do local no país onde será construída a central nuclear, isto dependerá de aspectos geográficos, demográficos, meteorológicos, hidrológicos, geológicos, sismológicos e geotécnicos. A vinda da Eletronuclear e da CNNC a Sergipe serve como base na elaboração de estudos técnicos para avaliar qual a área mais adequada para a instalação de centrais nucleares. Os profissionais permanecem em missão no estado até quarta-feira, 13.
De acordo com o assessor de desenvolvimento de novas centrais nucleares da Eletrobras, Marcelo Gomes, Sergipe conta com uma região muito propícia ao longo do São Francisco, tem topografia e um tipo de geologia [solo] muito interessantes, e a empresa vem recebendo apoio do governo estadual.
“Estamos muito satisfeitos e agradecidos pela recepção do governo. Gostamos muito de Sergipe, e estamos vindo para realizar estudos e pesquisas junto com a Eletronuclear. A construção da usina pode trazer muitos benefícios locais e queremos contribuir com o desenvolvimento econômico do estado”, reforçou o gerente geral da América Latina da CNNC, Zhu Qiang.
Sobre os benefícios da vinda da indústria nuclear para Sergipe, o profissional da Eletrobras comentou que são não só de ordem econômica, como cultural e profissional.
“Criam-se oportunidades de carreira para as pessoas, traz-se competência técnica, além da oportunidade de as universidades locais poderem formar pessoas para uma carreira do setor. Em Angra [local de instalação de três usinas nucleares no Brasil] temos um exemplo, pois lá há escolas técnicas e unidades de ensino superior formando os operadores e técnicos que trabalham na manutenção da usina. Acho que é uma oportunidade muito importante para uma região, que se torna um centro de tecnologia e de produção intelectual e acadêmica também. Além disso, existe benefício para a indústria local, pois muitas empresas tendem a se instalar por perto. Existe ainda um intercâmbio internacional muito grande e forte. Como a indústria nuclear é muito conectada em todo mundo, existe um fluxo de pessoas, mão de obra e gente o tempo todo. Isso traz dinamismo para a cultura local e é muito importante”, comentou o assessor da Eletronuclear.
O assessor especial do governo, Oliveira Júnior, ainda explica que a atração de um complexo nuclear teria algumas vantagens, e uma das principais é poder levar obras de infraestrutura importantes e sentido social grande para regiões pobres, de pouca habitação e onde há pouco investimento.
“Existe ainda uma ação que toda empresa grande que se instala em uma região faz, de desenvolvimento e atuação regional. É o que fazemos em Angra, por exemplo. Nós trabalhamos ajudando na manutenção do patrimônio histórico da região, com centros culturais, pois é uma forma importante de a empresa se integrar na cultura e sociedade local. Essa presença também é muito importante e um benefício muito forte para a sociedade”, explanou Marcelo Gomes.
A instalação do complexo de usinas no Brasil se deve devido à necessidade em se produzir energia barata e abundante. Além de praticamente não produzir quase nenhum gás que gere efeito estufa, segundo o assessor da Eletronuclear, existe um cuidado com a questão dos resíduos e do lixo atômico, que são monitorados e guardados. Marcelo também acrescenta que, com a vinda do centro de usinas, entre 60% e 70% do dinheiro investido fica dentro do Brasil, seja na área de construção civil e até em indústrias nacionais que fornecem equipamentos.
Sobre o prazo de instalação, o profissional de desenvolvimento de novas centrais nucleares da Eletrobras explica que o Ministro de Minas e Energia comenta que as usinas devem ficar prontas até 2030. “Isso significa que, para começar essas obras, e a partir de um terreno que não tem nada, precisamos de 10 anos, que é o tempo necessário para fazer prospecção do terreno, sondagem, licenciamento e ver questão ambiental. Temos que ter definição acerca do local ano que vem, para começar esse processo o mais cedo possível e essas usinas fiquem prontas a tempo”.
Fonte: ASN