Do UOL, em São Paulo
- Reprodução/FacebookPágina de Facebook criada por alunos do Colégio Visconde de Porto Seguro, de São Paulo, para discutir o projeto de segurança da escola
A proposta de instalação de câmeras de segurança nas salas de aula gerou polêmica entre os estudantes do Colégio Visconde de Porto Seguro, em São Paulo. Para debater o assunto, os alunos criaram o grupo e a página "Vigilantes do Porto" no Facebook. Até as 12h40 dessa sexta-feira (25), a página foi curtida por 2.364 pessoas.
A assessoria de imprensa do colégio informou, por e-mail, que não estão sendo instaladas câmeras nas salas de aula. "Estamos implementando um amplo projeto que visa à segurança de todos dentro do colégio. O projeto está sendo desenvolvido desde meados deste ano. Está na metade de sua implementação, que deve ser concluída em 2014", informou.
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Em uma das mensagens, os alunos postaram uma carta, que teria sido entregue para as diretorias da Fundação Visconde de Porto Seguro e do Colégio Visconde de Porto Seguro, em que afirmam que "a notícia sobre a instalação de câmeras com captação de vídeo e áudio em todas as salas de aula levou centenas de alunos e ex-alunos ao debate acerca de tal decisão. A posição de contrariedade às câmeras é praticamente unânime entre os alunos do Nível II e do Ensino Médio, bem como ex-alunos".
O colégio afirma que está sempre aberto para o diálogo e que considera a opinião de comunidade escolar muito importante.
Segundo a assessoria, o colégio possui monitoramento de sistema de câmeras há, pelo menos, sete anos: "Estamos substituindo os equipamentos e tecnologia antigos. As câmeras estão sendo substituídas por um sistema mais moderno e alocadas nas áreas externas e comuns do Colégio, como piscina, estacionamentos, corredores e etc, bem como áreas periféricas".
O UOL entrou em contato com os alunos que criaram o grupo e foi informado que o grêmio e os líderes da campanha decidiram não se pronunciar sobre o tema. Segundo os estudantes, a diretoria informou em reunião que suspendeu a instalação das câmeras até fevereiro e garantiu que haverá discussões sobre o assunto.
O colégio, fundado em 1878, possui três unidades: Morumbi, Valinhos e Panamby. As escolas atendem alunos do ensino infantil ao ensino médio, com currículo brasileiro e currículo bilíngue - em Alemão.
Outros casos
Em setembro do ano passado, o colégio Rio Branco, na capital paulista, penalizou 107 estudantes que protestaram contra a instalação de câmeras dentro das salas de aula. Os estudantes disseram que não foram avisados da mudança e que ficaram assustados com os equipamentos.
Na época, o o vice-presidente da comissão especial da criança e do adolescente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ariel de Castro Alves, afirmou que os dirigentes do colégio poderiam ser penalizados pela instalação das câmeras. A pena aplicável, de acordo com o artigo 232 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), seria detenção de seis meses a dois anos.
"Eu entendo que configura o vexame pelos jovens estarem o tempo todo vigiados e o constrangimento de estarem sendo tratados como suspeitos sem que exista qualquer justificativa plausível para essa suspeita", disse. Ele ainda destaca que mesmo se os pais estiverem de acordo com o uso das câmeras, o crime ainda é configurado se os alunos se sentirem constrangidos.
Já a escola municipal Sebastiana Cobra, em São José dos Campos (SP), instalou dezesseis câmeras de segurança pelo prédio, inclusive nos banheiros utilizados pelos estudantes. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, os equipamentos são fixos e voltados para os lavatórios, o que garante a privacidade. Ainda de acordo com o órgão, apenas uma mãe reclamou da ação e teria solicitado a retirada dos equipamentos.
O pedido específico das câmeras no banheiro teria sido feito para evitar depredações no espaço, como lixos espalhados pelo chão e entupimento de vasos e pias, e também para coibir intimidações e situações de bullying entre alunos de diferentes idades.