O ex-ministro José Dirceu usou a palavra "covardia" para se referir à postura de Lula e de Dilma durante o mensalão.
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado no processo do
mensalão, tem se queixado do ex-presidente Lula e da presidente Dilma
Rousseff.
Em conversa com amigos na semana passada [ele está impedido de dar
declarações à imprensa por cumprir pena em regime domiciliar], Dirceu
usou a palavra "covardia" para se referir à postura de Lula e de Dilma
durante o mensalão. O comentário de Dirceu está destacado hoje (7) na
edição do jornal O Estado de São Paulo.
Segundo o ex-ministro, a omissão se repete agora, em relação à Operação
Lava Jato, na qual Dirceu é investigado, e faz com que todos os petistas
condenados ou não, inclusive o ex-presidente e a atual, carreguem a
pecha de corruptos.
“De que serve toda covardia que o Lula e a Dilma fizeram na ação penal
470 e estão repetindo na Lava Jato? Agora estamos todos no mesmo saco,
eu, o Lula, a Dilma”, disse Dirceu, segundo relatos colhidos pela
reportagem.
Aos amigos com quem falou na semana passada, Dirceu disse desconhecer as
razões de Lula e fez uma ressalva ao dizer que o ex-presidente não faz
“nem a defesa dele mesmo”.
Apesar da mágoa, relata o Estado, o ex-ministro descarta qualquer
possibilidade de o ex-presidente ter participado das negociações com
partidos aliados que levaram ao escândalo do mensalão.
Cadeia
Às poucas pessoas de fora de seu círculo pessoal com quem tem conversado
enquanto cumpre pena em regime aberto, em Brasília, ele também não
esconde o temor de voltar à cadeia por causa da Lava Jato.
“Querem me condenar ou me colocar outra vez na cadeia. Imagine o estardalhaço”, disse ele em uma dessas conversas.
A força-tarefa da Lava Jato investiga um pagamento de R$ 1,15 milhão
feito pelo lobista Milton Pascowitch à J. D. Assessoria e Consultoria em
2012, enquanto o Supremo julgava o mensalão e desconfia que o pagamento
pode não estar relacionado com os serviços da empresa.
José Dirceu passou 11 meses na Papuda, em Brasília e desde novembro do
ano passado ganhou o direito a cumprir a pena em casa, de onde sai
apenas para trabalhar no escritório do advogado José Geraldo Grossi, em
Brasília. Ele segue à risca a proibição de dar entrevistas ou ter
atividades políticas e mantém o foco em sua defesa na Lava Jato.
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