Se é verdade que o campo não pode parar, por conta da natureza dos ciclos dos grãos e da proteína animal, sob pena de travar o abastecimento, também é fato de que precisa se prevenir. A execução da atividade a céu aberto é um redutor de risco, mas para que a proteção seja eficaz é preciso adotar cuidados na rotina.
– Concordo que o agro não pode parar. Mas não para se ninguém se contaminar na propriedade. A mesma cultura que estamos implantando na cidade, teremos de ter no meio rural – avalia Júlio Barcellos, coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva da UFRGS.
Ele cita particularidades do campo que exigem atenção. A primeira delas é o grande fluxo de pessoas. Técnicos e revendedores costumam fazer visitas à propriedade. O momento é de restringir esse contato, podendo o produtor fazer uso dos telefones e das redes sociais como alternativas.
Em muitas lugares, trabalhadores das propriedades têm o hábito de ir para a cidade nos dias de folga. No retorno, é preciso intensificar os cuidados. Também pode-se buscar ampliar as atividades de lazer para evitar esse deslocamento.
Idosos – dados do IBGE mostram que 25,8% dos produtores rurais têm entre 55 e 65 anos idade – requerem igual atenção. Fazer compras por eles – inclusive a das doses da vacina contra a febre aftosa, a ser aplicada no rebanho – são medidas de prevenção.
Focadas na orientação, entidades também têm feito sua parte. A Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac) está divulgando cards em suas redes sociais com recomendações.
– São para o proprietário e para o trabalhador – explica Leonardo Lamachia, presidente da entidade.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) também abriu canal de WhatsApp (61-93300-7278) para que produtores de todo o país possam falar com técnicos.
– Nosso objetivo é receber informações sobre o estado de saúde do produtor e se ele está enfrentando alguma dificuldade em relação à produção, distribuição e comercialização do seu produto. Assim, vamos poder orientá-lo e tomar as medidas necessárias junto às instâncias federais – afirma Daniel Carrara, diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).
GISELE LOEBLEIN
Fonte: Zero Hora