Fonte: imagem Pixaba
Será que a única saída é o fim?
por Anette Lewin
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“Não estou feliz no meu casamento. Depois de 23 anos, acho que acabou
tudo: amor, confiança. Não sei como falar, mas sinto que nós dois
estamos só na espera do outro pedir a separação. O que faço?”
Resposta: Você não está feliz no casamento, ele,
pelo jeito, também não está. Mas a sensação de infelicidade traz como
contraponto a ideia de um ideal de felicidade.
Assim, a primeira pergunta que se faz é: qual seu modelo ideal de felicidade depois de 23 anos casada com a mesma pessoa?
Sim, a confiança acabou, o amor acabou. O que restou? E o que deveria
ter restado para que ambos sentissem que vale a pena continuar na
relação?
Aquele frio na barriga com a presença do outro?
A sensação de que o casamento é e continua sendo, um mar de rosas?
A construção de lindos planos a longo prazo?
Bem, depois de 23 anos tudo isso dificilmente estará presente no
relacionamento. Sempre haverá alguma decepção, alguma briga, alguma
sensação que aquela pessoa perfeita também tem seus defeitos. O que não
quer dizer que novas formas de conviver sejam impossíveis. Tente pensar
no casal que vocês formam hoje, evitando referências do passado. Esse
casal pode encontrar uma linguagem comum no presente? Ou a única saída é
o fim?
Como não temos a resposta ainda, vamos pressupor que a relação se
esgotou e o fim é inevitável. O que explicaria essa posição de defesa de
ambos? "Parece que nós dois estamos só na espera do outro pedir a
separação", você diz.
Ora, quando a certeza do fim existe, alguém tem que sair da zona de
conforto e tomar a iniciativa. Quem? Em geral fica mais fácil para o
mais proativo da relação, aquele que, em momentos de conflito, costumava
agir no sentido de sair do impasse. Pense: qual de vocês desempatou
situações como essa durante o casamento? Você? Ele? Ou os impasses se
resolveram sozinhos sem a interferência de nenhum dos dois?
Tente entender também qual a vantagem real de esperar que o outro
tome a iniciativa. Sim, sempre haverá a possibilidade de que a culpa
seja menor para quem recebe o basta do que para quem dá o basta. Mas
será que vale a pena ficar adiando algo só para sair como o mártir da
questão?
Sair do casamento é apenas um passo que se dá em direção a uma nova
fase da vida. Quanto mais consciente a pessoa estiver de seus porquês,
maior a chance de construir uma nova fase mais saudável. Quanto mais a
decisão de separação for tomada por impulso, sem uma noção clara do que
está deixando para trás e o que pretende daí para frente, maiores as
chances de um arrependimento.
Assim, tente entender se essa posição de espera que vocês estão não
significa, no fundo, que nenhum dos dois chegou ainda a uma decisão
consciente. E se for assim, o melhor é esperar até que as coisas se
esclareçam para ambos.
Sempre vale uma boa conversa para ajudar a entender melhor os porquês
do outro. Não uma conversa cheia de cobranças, mas sim uma reflexão
sobre os sentimentos envolvidos. Tente. Quem sabe o que você ouvir de
seu parceiro possa ajudá-la em sua decisão.
Por fim, independentemente de separar-se ou não, lembre-se que
casamento não é uma situação estática. As pessoas envolvidas vão mudando
e acabam dando novos formatos à relação entre elas. Quando se consegue
perceber e aceitar bem as mudanças, seja em nós mesmos, seja no outro,
sempre fica mais fácil enxergar o casamento como um desafio saudável.
Quando se enxerga transformação como perda, a sensação de derrota é
inevitável. Continuando no casamento ou saindo dele.
Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.
Fonte: http://vyaestelar.uol.com.br/post/9650/ambos-querem-se-separar-mas-nao-tem-coragem-de-tocar-no-assunto