Jairo Bouer
Um
único beijo de língua de 10 segundos é capaz de transferir 80 milhões
de bactérias de uma boca para outra. É o que mostra um estudo publicado
na revista Microbiome. O trabalho também mostrou que parceiros que se beijam ao menos nove vezes ao dia compartilham as mesmas colônias de bactérias.
Nosso
corpo é formado por um ecossistema de mais de 100 trilhões de
micro-organismos, essenciais para a digestão dos alimentos, a síntese de
nutrientes e para nos proteger de doenças. Nossa boca costuma abrigar
700 variedades diferentes de bactérias, que os especialistas chamam de
microbiota bucal. A genética, a dieta e a idade interferem nesse
equilíbrio, assim como as pessoas com as quais interagimos.
Pesquisadores
da organização holandesa TNO avaliaram 21 casais, pedindo que
preenchessem questionários sobre o comportamento deles em relação ao
beijo. Depois, colheram amostras para analisar a composição da
microbiota bucal dos participantes. Os resultados mostraram que, quanto
mais os casais afirmam se beijar, mais parecidas são as bactérias de
suas bocas.
Em outra experiência, um membro do casal consumia uma bebida probiótica com variedades específicas de bactérias, como Lactobacillus e Bifidobacteria.
Depois do beijo de língua, os pesquisadores descobriram que a
quantidade de bactérias probióticas na saliva dos receptores havia
triplicado. A partir disso, foi possível calcular o número de
micro-organismos transferidos pelo beijo.
Um
dado curioso relatado pelos autores, mas que não tem a ver exatamente
com a pesquisa, é que 74% dos homens relataram frequências de beijo
maiores que suas parceiras. Eles disseram que o casal se beijava cerca
de dez vezes por dia, enquanto as mulheres relataram uma média de cinco
beijos diários. Os pesquisadores tiveram que calcular a média, além de
contar com as análises das amostras, para chegar aos números finais.