Com o corte da internet após o fim do limite da franquia, idealizado
pelas operadoras de telefonia móvel do país e já colocado parcialmente
em prática pela Vivo, os usuários tendem a perder o acesso ao WhatsApp
--um dos aplicativos mais utilizados nos celulares e smartphones.
"Ao fim do limite do pacote de dados, as operadoras, ao invés de cortar
o serviço, optaram por reduzir a velocidade do acesso. O benefício
permite que o usuário, mesmo extrapolando a cota contratada, possa fazer
pelo menos o básico, que inclui as mensagens de texto pelo WhatsApp ou a
consulta de um e-mail", afirma Eduardo Tude, da consultoria de
telecomunicações Teleco, que caracteriza a mudança das operadoras como
uma "tendência natural".
Segundo ele, em outros países da
América do Norte, da Europa, e da Ásia, o corte é algo natural ao fim da
conta contratada. "Ou você contrata um plano adicional ou você fica sem
o serviço. Não há outra alternativa." No Brasil, no entanto, a
possibilidade do acesso limitado foi adotada com o intuito de disseminar
o uso da internet no celular, conta Tude. Postura similar também foi
adotada em outros países da América Latina.
A mudança agora
proposta pelas operadoras, na opinião de Tude, é um reflexo da mudança
da demanda dos próprios usuários. "O benefício já não tem agradado tanto
os usuários, que, muitas vezes, reclamam da baixa qualidade do acesso. O
que se quer é uma internet cada vez mais veloz", disse ele, que
acrescenta: "Além disso, hoje a velocidade mais baixa é disponibilizada
pelo uso da rede 2G, mas a tendência é que ela seja eliminada para dar
espaço a uma tecnologia de maior capacidade."
Do ponto de vista
legal, a mudança também é permitida desde que estabelecida no contrato
de prestação de serviço. É o que afirmou Adriana Pereira, diretora de
Programas especiais do Procon/SP (Fundação de Proteção e Defesa do
Consumidor do Estado de São Paulo). Segundo ela, as operadoras não podem
alterar as regras dos contratos em vigência sem a autorização dos
clientes.
"Se você já assinou o contrato e o corte não está
previsto nele, a operadora é obrigada assegurar que você continue tendo o
acesso limitado após o fim do limite da franquia até que o contrato
vença", explicou a especialista, que orientou: "Fique atento e não
aprove qualquer alteração no contrato caso não esteja de acordo." E,
caso o corte for realizado mesmo não estando previsto em contrato,
Adriana sugere que o consumidor comunique a operadora para fazer falar
seus direitos e, em último caso, procure os órgãos de atendimento ao
consumidor.
Mas, mesmo estando previsto em contrato, para cortar
a internet é preciso que a operadora permita que o usuário possa
acompanhar seus usos quando e quantas vezes ele julgar necessário. "Esse
controle não pode ser unilateral, como acontece na maioria dos casos",
relatou a diretora do Procon-SP.
Posição das operadoras
A Vivo foi a primeira operadora brasileira a implementar a nova forma
de cobrança da internet. Desde a última quinta-feira (6), a modalidade é
válida para os usuários do plano pré-pago nos Estados do Rio Grande do
Sul e Minas Gerais. Os clientes, segundo a empresa, receberão um SMS
quando consumo atingir 80% e outro quando atingir 100% do pacote. O
pacote adicional de 50 MB custa R$ 2,99 e tem validade de 7 dias.
"Para atender cada vez mais as necessidades e expectativas dos
clientes, a Vivo está ajustando seus pacotes de internet móvel
pré-paga. O cliente agora navega sempre em alta velocidade, sem o
incômodo de o desempenho ser reduzido quando a franquia acaba", disse a
Vivo, por meio de uma nota, ao justificar a mudança. A operadora afirmou
ainda que a medida será estendida para outras regiões e para os planos
pós-pagos nos próximos meses, mas não especificou o cronograma.
Embora não oficializado pela Oi, alguns dos clientes da operadora afirmaram ter recebido um comunicado via SMS sobre o corte do pacote de internet após o término da franquia a partir do dia 8 de dezembro.
Por meio de nota, a empresa disse estar "atenta ao mercado e entende
que as mudanças nos hábitos de consumo de dados podem afetar a
experiência do usuário de internet móvel, gerando uma percepção negativa
em relação à navegação no celular". A Oi afirmou ainda que considera o
fim da velocidade reduzida, aliada ao novo modelo de cobrança por
pacotes adicionais, uma tendência mundial e está avaliando com atenção
essa estratégia.
A TIM também se mostrou propensa a seguir o
mesmo caminho das concorrentes. Ainda que tenha dito não prever qualquer
ajuste, informou por meio de uma nota que está avaliando as diferentes
possibilidades. "Estamos atentos às tendências de mercado e acredita que
mudanças no formato de tarifação de dados móveis são um movimento
natural, em linha com o crescimento contínuo do uso de internet nos
celulares e outros dispositivos. Os clientes necessitam de franquias
cada vez maiores e de uma experiência de internet de alta qualidade e –
nesse contexto – o modelo de redução de velocidade após o consumo dos
pacotes pode criar uma percepção negativa do serviço."
Já a
Claro afirmou que "está constantemente avaliando formas de oferecer aos
seus clientes a melhor experiência em internet móvel do Brasil", mas não
se posicionou contra ou a favor ao corte do acesso ao fim do limite da
franquia, tampouco se vai ou não aderir ao modelo.
fonte: http://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2014/11/10/corte-de-internet-ao-fim-de-limite-da-franquia-compromete-acesso-a-whatsapp.htm
fonte: http://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2014/11/10/corte-de-internet-ao-fim-de-limite-da-franquia-compromete-acesso-a-whatsapp.htm