Imagem: Voyagerix/iStock
Giulia Granchi
Do UOL VivaBem, em São Paulo
Resumo da notícia
A infecção urinária é comum em mulheres devido à anatomia da região: a uretra nelas é mais curta com abertura próxima ao ânus, o que facilita
Durante o sexo, o contato com a região do clitóris e ureta pode facilitar ainda mais a chegada de bactérias até o canal urinário, aumentando o risco
Para se prevenir é importante urinar com frequência, até mesmo após o sexo. Ter boa higiene e evitar contato vaginal após o anal são outras dicas
Infecções urinárias frequentes, no entanto, pedem uma investigação mais rigorosa de um profissional de saúde
Dor ao fazer xixi, urina com sangue e vontade de ir ao banheiro, mas pouco líquido para evacuar... Os sintomas da infecção urinária não são nada agradáveis e assustam ainda mais quando aparecem após uma relação sexual, já que o primeiro pensamento de muitas mulheres é o contágio de alguma doença sexualmente transmissível.
Afinal, por que o problema apareceria após a relação sexual, se os canais --uretra e vagina -- são distintos? A resposta, na verdade, é bastante simples. A própria anatomia feminina facilita a infecção: com uretra curta com abertura próxima ao ânus, a colonização de bactérias ocorre com maior facilidade.
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E o momento do sexo é propício para que essas bactérias se desloquem. "Durante o ato, há o contato com a região do clitóris e uretra, o que pode permitir que bactérias cheguem até o canal que liga a bexiga às vias urinárias, levando a uma possível infecção", explica Alexandre Pupo, ginecologista e membro do corpo clínico do Hospital Albert Einstein e do Hospital Sírio Libanês.
De acordo com Ana Carolina Lúcio Pereira, ginecologista especialista pela FCMSCSP (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo), a maior vilã nesses casos é a bactéria Escherichia coli, que se origina no trato gastrointestinal. Por meio do períneo, ela vai do ânus para a vagina, mas só causa o problema se conseguir trilhar um caminho até a bexiga.
Como prevenir
Mantenha uma boa hidratação e urine com frequência
Por conta da flora bacteriana própria do trato urinário, reter a urina favorece um aumento da população bacteriana local, podendo ocasionar a infecção. Os especialistas recomendam tomar bastante água --pelo menos dois litros diariamente -- e ir ao banheiro sempre que sentir vontade.
Urine após a relação sexual
"A urina em si, ao contrário do que muitos pensam, é absolutamente estéril. Ao passar sob pressão pela uretra ela empurra para fora as bactérias, ajudando a prevenir a infecção", aponta Pupo.
Tenha boa higiene
Para evitar uma maior proliferação de bactérias, ambas as pessoas envolvidas na relação devem limpar bem os genitais antes e depois da relação sexual.
Evite o contato vaginal após o anal
A proliferação das bactérias E. coli é maior no ânus, e realizar o contato do órgão sexual ou mesmo dos dedos com a vagina após tocar o ânus facilita a infecção. Lembre-se sempre de usar camisinha e trocá-la antes do segundo contato.
Tratamento
Quando a bactéria que causa o problema é identificada, a principal forma de tratamento é o uso de antibióticos -- além de, claro, manter a hidratação via oral em dia. Mas, quando a paciente tem episódios de infecção urinária frequentemente, é necessário uma investigação específica com um profissional de saúde: é possível que a causa seja desde uma imunidade baixa até a menopausa.
Tomar remédios sem a recomendação médica é perigoso.
Algumas mulheres sofrem com o problema com tanta frequência que já têm em mente qual remédio tomar. Um dos mais comuns é o Pyridium, que tem como princípio ativo a fenazopiridina e também é indicado para amenizar o desconforto depois de cirurgia, exame ou trauma que irrite a mucosa do trato urinário baixo. No entanto, o medicamento tem ação analgésica e não antibiótica -- funciona para eliminar a dor, mas não cura a infecção. Se não for usado junto com antibiótico, a droga pode até disfarçar a gravidade do problema.
Além disso, quem tem histórico de doença hepática ou insuficiência renal não pode tomar o remédio sem indicação médica. Diabéticos ou pessoas com outros problemas crônicos de saúde devem sempre ter acompanhamento profissional ao ingerir o remédio e ficar atentos à resposta do organismo.
Fonte: vivabem.com.br