Sexo em etapas: Descubra o que acontece com o corpo antes, durante e depois do sexo
Já dizia Rita Lee “… amor é bossa nova, sexo é carnaval”. Sim, sexo é uma festa para o corpo e para a mente.
Mas, apesar de estarmos vivendo na era da informação e desmistificação, o tema ainda é um grande tabu e causa alvoroço quando abordado em filmes, séries, novelas, matérias jornalistas, etc.
Particularmente, acho isso uma grande hipocrisia, já que todos nós somos fruto dele. E se a relação abordada for de casais do mesmo gênero ou transexuais, o mundo (especialmente o virtual) vem abaixo.
Porém, independentemente do tipo de casal, os efeitos no corpo são os mesmos. Então vamos entender o que acontece com o organismo antes, durante e depois do sexo.
Para entender toda essa explosão, precisamos começar falando sobre as zonas erógenas, que são locais do corpo com grande quantidade de terminações nervosas e que, quando estimulados, causam excitação sexual.
Os órgãos sexuais, por exemplo, são repletos dessas terminações, mas costuma-se dizer que o maior e mais importante deles, tanto em homens quanto em mulheres, é o cérebro. Tudo começa a partir das fantasias criadas por ele e pela forma como ele responde aos estímulos auditivos, olfativos, visuais e táteis. As palavras, tom de voz, trilha sonora e cheiro da pele, diferente dos mais óbvios, agem de forma sutil, porém tem a mesma importância dos outros. A combinação desses sentidos aguçados faz com que o cérebro comece a produzir adrenalina e dopamina.
Para que o cérebro possa interpretar que a coisa está boa e iniciar seu trabalho, ele precisa entender que está numa situação segura e confortável. Segurança e conforto não significam necessariamente estar trancado num quarto, já que muitas pessoas se excitam com o perigo e risco de serem pegas no flagra, mas sim estar de acordo com o que está acontecendo e o que vai acontecer.
As zonas erógenas variam de pessoa para pessoa, assim como a forma que cada um gosta de ser estimulado. Mas alguns são universais, como os órgãos sexuais ditos acima e a pele, maior órgão do corpo humano, que é responsável por sentir o toque e carícias. Outros locais que podem causar excitação são os lóbulos das orelhas, axilas, nuca, pés, lábios, parte interna da coxa, mamilos e ânus (válidos para todos os gêneros).
Internamente, conforme o corpo começa a ser estimulado nos lugares certos e o cérebro recebe a informação, a mágica começa a acontecer e as alterações físicas passam a ser sentidas: a produção de adrenalina, que age como neurotransmissor atuante no sistema nervoso, faz a pressão sanguínea aumentar e prepara o corpo para grandes esforços físicos.
O fluxo sanguíneo chega aos órgãos sexuais deixando-os mais sensíveis, o que causa a ereção do pênis – que pode crescer até 17 vezes – aumento do clitóris e grandes lábios da vagina. A lubrificação feminina vem pela ativação das glândulas de Skene, localizadas ao lado do canal da uretra (saída de xixi) e de Bartholin, uma em cada lado da entrada do canal vaginal.
O organismo também produz mais dopamina e serotonina, hormônio responsável pelo prazer (não só o sexual, mas também do apetite, amor, felicidade, etc), elevando o desejo sexual.
Os músculos recebem mais energia e se dilatam no corpo todo e, para dar conta de tudo isso, o organismo precisa de mais oxigênio, que é levado através do sangue. Por isso a respiração se torna ofegante, um dos sinais clássicos da excitação.
Durante o ato sexual, todo esse processo continua: o sangue corre mais rápido e em abundância, a demanda de oxigênio continua alta, musculatura com energia extra e por aí vai. O corpo entra num estado de euforia e tensão, mas de forma positiva (ou deveria ser para todos). A fricção nos órgãos sexuais, seja por sexo oral, penetração ou masturbação, aliados com ritmo e força/suavidade vai intensificando cada vez mais os sentidos, até que se chegue próximo ao clímax.
No caso dos homens, os músculos do epidídimo, ductos deferentes, vesícula seminal e próstata passam a ter contrações involuntárias, liberando fluídos que são conduzidos para a parte posterior da uretra. Nas mulheres também existe a contração da musculatura do canal vaginal e do útero.
Quando a mulher atinge o orgasmo, as glândulas de Skene liberam uma secreção branca e espessa, em pequena ou moderada quantidade. Os músculos vaginais se contraem com força e, em seguida, relaxam em êxtase. Sobre a ejaculação feminina, não existe consenso entre profissionais e pesquisadores (assim como o famoso e polêmico Ponto G). Embora ela exista, não é possível afirmar quais os fatores causadores.
No corpo masculino, a musculatura pélvica propulsiona o sêmen, que passa através da uretra e deixa o pênis. Enfim a ejaculação. Normalmente, os homens, ao contrário das mulheres que podem ter orgasmos múltiplos e sequenciais, não conseguem ter uma nova ejaculação ou orgasmo em seguida, pois ocorre o período refratário que é o momento do corpo se recompõe após tanta agitação. O tempo de duração desse período varia de homem para homem e também da idade. Para os mais jovens, leva alguns minutos, já nos mais velhos, pode levar algumas horas.
Depois do sexo, a fadiga dos músculos e sistema nervoso exigem e merecem descanso, portanto devemos respeitar essa necessidade, resguardando-nos pelo tempo que precisar e, depois disso, sair feliz com sorriso de orelha a orelha.
Existem muitos outros tópicos sobre sexo para serem explorados, mitos e tabus que devem ser derrubados, inclusive sobre impotência masculina, dificuldade de mulheres em atingir o orgasmo, ejaculação precoce, etc. O importante é buscar as informações com profissionais e fontes confiáveis e aptas a fornecê-las com embasamento concreto.
Sexo e todo o processo de sedução e conquista são uma delícia, mas tem que ser bom e seguro para todos os envolvidos. Respeitar, conversar com seu/sua parceiro(a) e conhecer suas preferências são tão ou mais importantes quanto seu próprio desempenho. E nunca é demais falar que o uso de proteção é imprescindível para que uma experiência prazerosa não vire um problema, ainda mais de saúde.