por Lígia Formenti | Estadão Conteúdo*Foto: Shutterstock
A prescrição da "pílula do dia seguinte" para aids vai mudar no Brasil.
Para ampliar o acesso à terapia e com isso tentar reduzir o número de
novas infecções no país, o Ministério da Saúde colocou em consulta
pública um protocolo que torna único o tratamento com drogas antiaids
indicado para pessoas expostas ao HIV, a chamada profilaxia
pós-exposição.
Atualmente, a estratégia terapêutica muda de acordo com o
grupo exposto ao vírus. Profissionais de saúde que tiveram contato com
sangue ou secreções que possam ter HIV recebem um tratamento distinto
de, por exemplo, mulheres vítimas de violência sexual ou de pessoas que
tiveram uma relação sexual desprotegida. "Isso não é necessário.
O
tratamento único é igualmente eficaz, independentemente da forma de
exposição", disse o diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites
Virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita. Os protocolos distintos
levam a uma redução na oferta dos antirretrovirais. "Centros
especializados em acolhimento de mulheres vítimas de violência não se
sentem autorizados a dispensar os remédios para uma pessoa, por exemplo,
que tenha tido uma relação sexual desprotegida", relata Mesquita.
"Com a
uniformização, todos os centros vão poder atender todos pacientes. É
uma forma de aumentar a rede de dispensação", completou. Em 2014, 21.512
pessoas fizeram a profilaxia pós-exposição, um número considerado baixo
por Mesquita. Do total, a maioria (40,8%) se expôs ao risco de contato
com HIV em acidentes de trabalho.
O segundo maior grupo foi o de pessoas
que tiveram relações sexuais desprotegidas (33,2%), seguido por vítimas
de violência (21,8%). O Ministério da Saúde ainda vai lançar nos
próximos meses um aplicativo com informações sobre os serviços de
profilaxia pós-exposição no Brasil, de forma a facilitar o início rápido
do tratamento contra a aids com o coquetel indicado. BN