Cinco pessoas foram ouvidas na manhã desta terça-feira (12).Oitivas de testemunhas no caso das subvenções chegam a última semana.
Testemunha diz que recebeu verba e não lembra como gastou (Foto: Tássio Andrade/G1)
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As oitivas de testemunhas de acusação do caso das subvenções da Alese
chega a sua última semana. Na manhã desta terça-feira (12), foram
ouvidas no Tribunal Regional Eleitoral,cinco pessoas ligadas a três
associações beneficiadas pelo então deputado estadual Jefferson Andrade:
o Instituto Nossa Gente, da Barra dos Coqueiros, a Associação de
Moradores e Agricultores do Povoado Visgueiro, em Muribeca, e da
Associação Comunitária Nossa Senhora da Conceição, em Pacatuba.
Foi ouvido o presidente do Instituto Nossa Gente, da Barra dos Coqueiros, Adelmo Apóstolo de Araújo, que recebeu R$ 400 mil em subvenções indicadas. A entidade não funciona no endereço em que está registrada na Receita Federal. Durante depoimento à PRE/SE, Adelmo de Araújo informou um novo endereço da associação, imediatamente checado pela equipe da PRE, e onde foi constatado que não funcionava nenhuma instituição.
Foi ouvido o presidente do Instituto Nossa Gente, da Barra dos Coqueiros, Adelmo Apóstolo de Araújo, que recebeu R$ 400 mil em subvenções indicadas. A entidade não funciona no endereço em que está registrada na Receita Federal. Durante depoimento à PRE/SE, Adelmo de Araújo informou um novo endereço da associação, imediatamente checado pela equipe da PRE, e onde foi constatado que não funcionava nenhuma instituição.
O presidente da entidade afirmou ter gasto os recursos na aplicação de
cursos para a população, mas a quebra de sigilo bancário autorizada pela
justiça demonstrou que pelo menos R$ 342,5 mil reais foram sacados
diretamente por Adelmo de Araújo em cheques nominais a ele mesmo ou em
nome da entidade.
"O dinheiro que recebi da Assembleia eu gastei com comida para o povo e material de construção. A Associação recebeu R$ 400 mil, mas não lembro exatamente como o dinheiro foi gasto. Eu ia ao banco e sacava a verba que recebia e pagava muitas contas também", disse Adelmo.
"O dinheiro que recebi da Assembleia eu gastei com comida para o povo e material de construção. A Associação recebeu R$ 400 mil, mas não lembro exatamente como o dinheiro foi gasto. Eu ia ao banco e sacava a verba que recebia e pagava muitas contas também", disse Adelmo.
Seis testemunhas foram convocadas, uma não foi encontrada (Foto: Tássio Andrade/G1)
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Ainda em relação ao Instituto Nossa Gente, foram ouvidos Edenya Karine
Ramos Meneses, tesoureira da Entidade e Edson Aparecido dos Santos,
ouvidor da Prefeitura da Barra Dos Coqueiros. Edson dos Santos foi
ouvido pela PRE na própria prefeitura e afirmou que a instituição nunca
funcionou no município.
A Associação dos Moradores e Agricultores do Povoado Visgueiro, em
Muribeca, recebeu R$ 480 mil de Jefferson Andrade. Em visita da PRE ao
povoado, ficou constatado que a associação não funciona no endereço
declarado e diversas testemunhas afirmaram nunca terem ouvido falar da
entidade. Foram ouvidos Sergio da Silva Santos, presidente da entidade e
José Marinho dos Santos Filho, responsável de fato pela associação e
pai de Sérgio.
Presidente de associação diz que gastou verba ajudando pessoas carentes (Foto: Tássio Andrade/G1) |
"Eu ia atrás de cirurgia para as pessoas carentes. Ajudamos pessoas que
não têm condições e não conheço o deputado Jefferson Andrade, não tenho
nenhuma ligação com ele", garante Sergio da Silva Santos.
José Marinho Filho é empresário e já foi candidato a prefeito e
vice-prefeito de Muribeca. De acordo com seu depoimento, as verbas de
subvenção repassadas para a entidade foram aplicadas na construção de
uma casa, realização de festas e na distribuição de mil cestas básicas.
A quebra de sigilo bancário da instituição contradiz o depoimento do
empresário. Os documentos apontam R$ 376 mil pagos em cheques nominais a
Laercio Nunes Rosa, que também será ouvido amanhã.
Em depoimento, Laércio afirmou ser pintor de profissão e prestador de
serviço a José Marinho Filho, que lhe pediu para sacar os cheques com
recursos da Associação. De acordo com o pintor, todos os R$ 376 mil
foram entregues em a Marinho Filho. Além disso, o próprio Marinho filho
sacou um cheque de R$ 60 mil de recursos da associação, somando R$ 436
mil em verbas de subvenção aos quais teve acesso direto.
Além deles, será ouvido Lenaldo Silva Santos, representante da LM
Comercio e Construção, beneficiário de um cheque de R$ 40 mil da
instituição.
Com os dados bancários da Associação do Povoado Visgueiro, a PRE
conseguiu demonstrar que R$ 476 mil dos R$ 480 mil recebidos pela
entidade foram sacados na boca do caixa, sem comprovação da aplicação
real desses recursos.
“Mais uma vez acompanhamos testemunhos contraditórios, que demonstram
a irresponsabilidade com o gasto do dinheiro público. Cheques sacados
com valores altos, e que as testemunhas não conseguem explicar como
gastaram a verba. Adelmo Apóstolo recebeu RS 400 mil e diz que não
lembra como gastou. Além de presidente da associação, ele é secretário
de planejamento do município de Barra dos Coqueiros. Novamente vamos
pedir que essas pessoas que deram testemunhos contraditório virem réus
do processo”, conclui Eunice Dantas, procuradora geral da república.
Entenda o caso
Segundo o Ministério Público Federal, alguns deputados estaduais desviaram verbas de subvenções, que deveriam ser destinadas para instituições filantrópicas, para utilizar em campanhas políticas. Com isso, o órgão abriu procedimentos para investigar os casos de desvio.
As audiências são divididas em três etapas. Essa é a primeira, que ouve as testemunhas de acusação, e vai até o mês de maio. Em seguida vão ser ouvidas as testemunhas de defesa, e os deputados envolvidos nos processos, mas as datas ainda não foram divulgadas.
Segundo o Ministério Público Federal, alguns deputados estaduais desviaram verbas de subvenções, que deveriam ser destinadas para instituições filantrópicas, para utilizar em campanhas políticas. Com isso, o órgão abriu procedimentos para investigar os casos de desvio.
As audiências são divididas em três etapas. Essa é a primeira, que ouve as testemunhas de acusação, e vai até o mês de maio. Em seguida vão ser ouvidas as testemunhas de defesa, e os deputados envolvidos nos processos, mas as datas ainda não foram divulgadas.
Os depoimentos foram iniciados no dia 7 de abril. Em dezembro do ano
passado, a Procuradoria Regional Eleitoral ajuizou 25 ações contra 23
deputados da legislatura vigente à época e uma ex-deputada.O
levantamento inicial identificou, segundo a Procuradoria, um desvio de
cerca de R$ 12 milhões.