Novamente, o Facebook se vê com problemas relacionados à privacidade dos seus usuários. De acordo com reportagem do site The Intercept, a rede social mais popular do mundo estaria compartilhando informações de seus usuários com diversas operadoras de telefonia no intuito de que parceiros da empresa possam aferir números como ganho ou perda de clientes, posição em relação aos concorrentes e até mesmo validação no direcionamento de anúncios.
O Intercept ressalta que o Facebook não esconde a prática per se, admitindo o compartilhamento em seus termos e condições de uso. Porém, a admissão é formulada para destacar o benefício ao usuário, enquanto minimiza o aspecto comercial entre as empresas envolvidas. Segundo a reportagem, o Facebook faz isso com aproximadamente 100 empresas em 50 países.
“Oferecidos a seletos parceiros do Facebook, os dados incluem não apenas informações técnicas como os dispositivos conectados à conta do usuário ou o uso de redes Wi-Fi ou móveis, mas também suas localizações passadas, interesses e até mesmo seus grupos sociais. Esses dados são retirados não apenas do app principal da empresa no iOS e Android, mas também do Instagram e Messenger”, explica a matéria.
Há ainda uma preocupação do uso ilegal dessas informações:
“Alguns especialistas estão particularmente alarmados com o fato de que o Facebook divulgou o uso das informações — e parece até ter auxiliado diretamente na facilitação de seu uso — para o propósito de avaliar consumidores quanto à base de valor próprio de crédito [para entrega de anúncios]. Tal uso poderia eventualmente ser colocado contra leis federais, que fortemente regulam avaliações de crédito”.
Os dados, teoricamente, são anônimos e oferecidos a empresas em grupos, ao invés de identificar um usuário singularmente. Entretanto, o Intercept alega que isso não é garantia de que abusos não possam ser cometidos, citando o caso Cambridge Analytica como exemplo.
O Facebook está vendo você, mesmo que você não queira
Outra notícia, esta veiculada pela organização Consumer Reports, indica que, mesmo após 18 meses desde que o Facebook anunciou essa possibilidade, nem todos os usuários da rede podem desabilitar (opt-out) o reconhecimento facial. O responsável pela área de testes de privacidade e segurança do Consumer Reports, Bobby Richter, alega que:
“[O site] examinou as contas de 31 usuários espalhados pelos Estados Unidos. Os participantes permitiram-nos gravar vídeos de suas navegações pelas configurações de seus perfis no Facebook, conforme nosso direcionamento. Vimos que os ajustes de reconhecimento facial estavam ausentes de oito das contas documentadas, ou seja pouco mais de 25%. Esse foi um estudo pequeno e qualitativo, e não sabemos exatamente quantas pessoas não podem contar com o recurso. Mas podemos especular que muitos usuários do Facebook foram afetados”
A organização de defesa ao consumidor submeteu reclamação formal da rede social ao FTC, órgão que regulamenta a prática tecnológica nos EUA. O Facebook não comentou nenhuma das matérias.
Fonte: Canaltech