CANDIDÍASE |
Infecção provocada por fungos do gênero Cândida, a candidíase pode ocorrer em qualquer estação do ano, pois é considerada oportunista, isto é, ela se aproveita de um momento de maior fragilidade do organismo e da proliferação de microorganismos no ambiente, como conta a Dra. Flávia Fairbanks, professora e ginecologista da Clínica FemCare.
A médica explica que, no verão, a candidíase é comum devido à alta frequência a praias e piscinas, além do uso contínuo de biquínis molhados, contatos com areia e cloro, enfim, situações que potencialmente mudam o pH ou alteram a flora vaginal, permitindo a instalação da infecção.
Já no inverno, a situação é outra: roupas justas e abafadas em excesso prejudicam a oxigenação vulvovaginal e também podem propiciar as infecções. Além disso, o abuso de álcool (vinhos, espumantes) e carboidratos devido ao frio (até os chocolates) também auxilia na acidificação vaginal e favorece as infecções fúngicas. “Por fim, a maior incidência de infecções nessa época, como gripes e resfriados, principalmente se tiverem sido acompanhados da necessidade de uso de antibióticos, também pode contribuir para a ocorrência da candidíase”, destaca.
Vale saber que este fungo, em níveis e condições normais, vive em nosso organismo sem causar maiores danos, mas ao encontrar ambiente propício para sua reprodução e um sistema imunológico deficiente, se multiplica, causando os sintomas de candidíase.
Grandes estudiosos da ginecologia afirmam que 75% das mulheres teriam, pelo menos, um episódio de candidíase na vida e 5% delas teriam o quadro de candidíase recorrente (mais de quatro episódios por ano). Apesar de não ser considerada uma doença sexualmente transmissível, ela pode ser transmitida através de relações sexuais, afetando homens e mulheres. Nas mulheres, os sintomas são dor, coceira, ardência, inchaço e vermelhidão na vulva, associados a dor para urinar e durante a relação sexual e, principalmente, corrimento esbranquiçado tipo leite talhado.
O primeiro passo para o tratamento é determinar as causas, combatê-las e evitar recidivas. O médico pode indicar antimicóticos e pomadas antifúngicas de uso local. Quando não são suficientes, ele prescreve medicamentos por via oral por tempo mais prolongado. Cabe ao ginecologista escolher o que é melhor para cada paciente.
Quando a candidíase vaginal não é tratada corretamente, ela pode se tornar um quadro persistente, repetindo em intervalos cada vez menores. Em casos mais sérios, em que existe depressão do sistema imunológico, a infecção é capaz de atingir órgãos vitais e, inclusive, gerar complicações nos rins, pulmões e levar a óbito.
Muitas mulheres sentem vergonha em falar sobre o assunto, mas a Dra. Flávia Fairbanks diz que não há nenhum motivo para isso, pois se trata de um problema de saúde que merece tratamento adequado. “O importante é ter informação, conhecimento, bom acesso ao serviço de saúde e cuidar/gostar bastante de si mesma. Isso vence qualquer obstáculo”, destaca.
Gravidez
Na gravidez existe aumento da incidência de candidíase devido à liberação dos hormônios da placenta que determinam o aumento da acidez vaginal, tornando o ambiente ideal para o fungo, além de existir uma diminuição da imunidade naturalmente nessa fase. Uma mulher grávida é dez vezes mais suscetível do que quando não está esperando bebê.
Importante ressaltar que a infecção por Cândida na mãe não prejudica o bebê. Se no momento do parto a mulher ainda tiver a infecção, há uma pequena chance de contágio quando a criança passar pelo canal vaginal. No entanto, não é grave e é facilmente tratável.
Durante os três primeiros meses de gravidez, os médicos não recomendam o uso de medicamentos, por isso, neste período, é preciso utilizar métodos naturais e o reforço da imunidade através de alimentos saudáveis.
Prevenção
Tudo o que permitir uma boa ventilação dos órgãos genitais é benéfico como forma de prevenir a infecção: dormir sem calcinha, utilizar calcinhas de algodão e evitar roupas de tecidos sintéticos e muito justas. Além disso, não consumir antibióticos sem necessidade, evitar o uso contínuo de absorventes internos, cuidar da higiene íntima, preferir o uso de papel higiênico branco e sem perfume, usar camisinha em todas as relações sexuais, bem como realizar as consultas preventivas periodicamente e seguir as recomendações do médico.
Ter uma rotina saudável e sem estresse também é fundamental para manter o sistema imunológico fortalecido. Algumas mudanças no cardápio podem prevenir a infecção e colaborar para acelerar o tratamento. A nutricionista da UNG Universidade, de Guarulhos, SP, Cristiane Botelho da Silva, lembra que a multiplicação fúngica descontrolada, se presente também no intestino, faz com que haja uma liberação de subprodutos que passam pela parede intestinal, causando uma variedade de sintomas como fadiga, gases, diarreia, infecções repetitivas, irregularidades menstruais, alergias, sensibilidade a medicamentos e até mesmo depressão.
Embora o primeiro passo seja uma avaliação médica, Cristiane Botelho da Silva diz que o nutricionista em conjunto com o médico pode orientar na melhoraria dos sintomas. A seguir, ela dá algumas dicas de alimentação para ajudar a lidar com o problema.
O que evitar
– Açúcares e carboidratos refinados e simples como biscoitos, arroz branco, macarrão e pão branco. Além de nutrir a Cândida, o doce modifica o pH intestinal.
– Vinho, cerveja e outras bebidas fermentadas pela ação dos fungos. Enquanto estiver com candidíase, todos os alimentos que contém fungos devem ficar de fora do cardápio, como cogumelos, vinagres e produtos que o incluem (ketchup, mostarda, azeitona e picles) e massas com fermento biológico (pão, pizza e torta).
– Alimentos ácidos, como arroz polido (branco), bebidas alcoólicas, café, doces (chocolates, bolos, tortas, sorvete, bala, adoçados com açúcar), refrigerantes normais e todos os cereais refinados.
Cristiane Botelho da Silva salienta que os probióticos são excelentes para a saúde intestinal e global do organismo, cabe ao médico receitar o melhor. Já a cebola e o alho são ótimos no combate tanto da Cândida quanto de outros parasitas, e devem ser consumidos na forma crua ou em suplementos de óleo ou extrato de alho.
“Uma alimentação equilibrada, com muita salada nas refeições, que são excelentes para a saúde intestinal, ajuda no controle da candidíase. A folha verde escura tem muitas fibras que auxiliam na fermentação das boas bactérias, mantém o pH do intestino adequado e, por consequência, controla os fungos”, explica.
Ela também indica o consumo de vitaminas e minerais, pois o sistema imunológico necessita de alguns nutrientes para o seu bom funcionamento, ajudando na prevenção e no tratamento da candidíase vaginal.
A nutricionista lembra que essas orientações são gerais e que o controle da infecção deve ser conduzido por um profissional, conciliando orientação dietética ao cuidado médico de um ginecologista.
– Dra. Flávia Fairbanks, professora e ginecologista da Clínica FemCare. CRM 93.879/SP.
– Cristiane Botelho da Silva, nutricionista da UNG Universidade, de Guarulhos, SP. CRN: 31847
– Site do Dr. Drauzio Varella: https://drauziovarella.com.br/doencas-e-sintomas/candidiase/, acessado em 07/06/2017.
– Site Baby Center: https://brasil.babycenter.com/a1500664/infec%C3%A7%C3%A3o-por-c%C3%A2ndida-candid%C3%ADase-na-gravidez, acessado em 07/06/2017.
– Site Minha Vida: http://www.minhavida.com.br/saude/temas/candidiase, acessado em 07/06/2017.