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Homem sempre reclama das cobranças de sua esposa. Enche a boca de orgulho para resmungar que ela policia os seus horários e impõe restrições.
O que ele esquece é que a mulher somente cobra porque ele é quem quer. Ele adora cobranças. Adora ser reprimido para depois reclamar.
Faz questão de antecipar o horário que volta, expor a sua programação, dizer onde vai e com quem vai. Sem ninguém pedir, vive se explicando e dando satisfações. Já entrega o mapa de sua rotina aguardando o GPS.
Homem é inseguro e ambiciona por alguém de fora que estabeleça limites. Assim ele não executa o que não deveria, mas nunca por falta de vontade, esconde-se no pretexto da submissão. Não é que ele não deseje ser fiel, ele não pode ser infiel. Não é que ele não deseje jogar futebol todo o dia, ele não pode jogar futebol todo o dia. Simplesmente porque ela – a sua megera inventada – não deixa. Mantém a sua pose de poderoso chefão, com o detalhe de que se acha provisoriamente atrás das grades do matrimônio. Sua soltura está vinculada a um habeas corpus. Tanto que sempre parece que foi forçado ao casamento, que nunca é uma opção consciente e sadia. “Não tinha mais como fugir” é o seu epíteto para o amor.
O fetiche por cobranças o alivia da carga de sua responsabilidade. Não precisa se censurar ou dizer não a si mesmo, acusa a sua companhia de cercear e realizar o seu trabalho. Ele espalha a fama de seguir com o que não gosta e assim se isenta da participação dos resultados.
É uma dependência forjada e mentirosa. Ao mesmo tempo, ele apenas consegue amar com implicância e incomodação, com barulho e barraco. Parte do princípio equivocado de que aquela que cobra é a única que se importa e, ao se importar, demonstra que ama. Como se a chatice fosse sinônimo de atenção.
Desde pequeno, ele encontra a disciplina com as ordens maternas – cumprindo o trabalho doméstico a contragosto. Por ele, não arrumaria a cama, não lavaria a louça, não ajeitaria a sua bagunça. Como é obrigado, requisita recompensas e troféus por algo que deveria ser natural.
Por isso ele se afasta e rejeita mulheres autônomas e independentes, financeiramente e afetivamente. Tem medo de perfis livres e vacinados contra a carência, o mimimi e a chantagem.
Ele prefere uma relação simbiótica para desenvolver o mecanismo de superproteção e não vê que transforma a sua esposa em mãe. Aliás, ele só casa com quem cobra mais do que a sua mãe.
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Quem mente no início da relação merece uma segunda chance? Ou será sempre reincidente?
Fonte: https://fabriciocarpinejar.blogosfera.uol.com.br