Foto: Divulgação |
“Hoje é, pois, um dos dias mais tristes de minha vida! Um dia de negação de minha profissão. De reflexão - e desilusão - sobre meu papel nesta vida”, disse o desembargador Pedro Valls Feu Rosa, do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJ-ES), ao reconhecer a prescrição de um crime que vitimou um padre francês, em dezembro de 1989. A prescrição foi decretada pela 1ª Câmara Criminal do TJ-ES nesta quarta-feira (18). O padre francês Gabriel Maire foi assassinado no dia 23 de dezembro de 1989. O relator, no voto, afirmou que sabia a “extensão da dor dos parentes da vítima – por já tê-la experimentado, e duas vezes”. Segundo o site Migalhas, um tio do relator foi assassinado em 1990 e, seis anos depois, outro parente também teve igual destino.
Os dois casos foram arquivados. O relator afirma que tentou, sem sucesso, buscar “algum arremedo de conforto moral à memória da vítima”. Ao lamentar a triste situação de impunidade no país, especialmente em casos de crime organizado, o desembargador encerrou pedindo desculpas pelo resultado do processo. “Fica, assim, decretada a impunidade, digo, a prescrição”, disse. Ainda no voto, ele disse que o único crime do padre “foi vir ao Brasil procurar semear o bem!”.
Segundo o desembargador, o prazo prescricional só não correria se houvesse outro processo questionando a existência do crime, o que não é o caso dos autos. BN